Queixa fundamentada sobre erro de diagnóstico médico, e insensatez na forma de comunicação com a família de paciente internado.

Chaves, 19.06.2013

Motivo da reclamação: queixa fundamentada sobre erro de diagnóstico médico, e insensatez na forma de comunicação com a família de paciente internado.
Apresentada por: José Manuel da Silva Esteves e Maria Martins
Paciente: José dos Santos Esteves
Unidade: Unidade Hospitalar de Chaves (Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, EPE)
Médico: Dr. Paiva Ribeiro
Na passada quarta feira dia 14 de Junho dirigi-me às urgências do Hospital de Chaves com o meu pai em estado muito debilitado e com sintomas graves de desidratação. Eram 19h45.
Depois de analisado na triagem e tendo relatado a situação ao enfermeiro informando que para além dos 86 anos, o meu pai é também diabético, foi-lhe atribuída a pulseira amarela, encaminhando-o para uma sala de espera interna onde o médico iria proceder a uma avaliação especializada e iniciar o tratamento.
Após ter feito várias análises ficámos a aguardar o resultado.
Após várias horas de espera, o meu pai começou a delirar e a perder o conhecimento, facto que me levou a pedir explicações ao médico de serviço que me informou que iriam administrar soro e tentar controlar os sintomas relacionados com a diabetes e que pela manhã fariam uma reavaliação do estado clínico.
Pela manhã – e após efetuarem alguns exames – informaram-nos que iria ser internado, pelo que deveríamos falar com o seu médico de internamento.
No dia seguinte ao internamento o Dr. Paiva Ribeiro informou-nos que o meu pai tinha várias complicações e que dentro das quais a mais grave era uma pneumonia que poderia ter desfecho trágico e resultar em óbito devido à idade avançada. Mencionou também, que nestes casos só raras exceções não terminam tragicamente, pelo que sugeriu que a família se fosse preparando para o pior. Concluiu dizendo que segunda feira pretendia efetuar um RX e depois iria reavaliar a situação informando a família.
Entretanto a situação foi piorando a nível neurológico: o paciente começou a ter delírios esporádicos, perdas de conhecimento e conversas completamente fora de contexto.
Verificavam-se no entanto melhorias a nível físico.
Com toda a família envolvida nesta tragédia, aguardamos até segunda feira como nos foi indicado, e esperámos ansiosamente informações sobre nova avaliação da situação e resultados dos exames.
Após longas horas de espera e não conseguindo contactar o médico, qual não é o nosso espanto quando fomos ao quarto para visitar o meu pai e nos informam que o mesmo estava à espera para sair do hospital pois já lhe tinha sido atribuída a situação de alta!
Como após inúmeras tentativas, não conseguimos falar pessoalmente com o Excelentíssimo clínico, Dr. Paiva Ribeiro, foi-nos disponibilizado o contacto telefónico do próprio que nos explicou toda a situação, nos seguintes termos:
“Afinal a situação clínica do paciente parece que foi ao de leve… “ – expressão que eu nunca esperei ouvir de um profissional de medicina – “…vai continuar o tratamento em casa.” – acrescentou.
Perguntamos então pelos resultados dos exames, respondeu que na opinião dele já não havia necessidade desse tipo de procedimentos e que estava pronto para ir para casa, mas não para a dele!
Pergunto-me então: será esta a forma correta de tratar e comunicar com os pacientes e uma família que está envolvida numa situação tão sensível? Primeiro informa que poderia resultar em óbito, e 3 dias depois que já não era nada?
Onde está a falha que leva a informar dois prognósticos tão dispares? Afinal onde reside a causa de tão má avaliação? Na pouca capacidade técnica do médico? Na irresponsável avaliação e tempo de análise que dispensou ao paciente? Na incompetência para a realização das funções que lhe estão atribuídas?
Imagine-se agora a implicação e o impacto do comunicado à família, para que se fosse preparando para o pior: existem familiares ausentes, em países tão distantes quanto os EUA que foram avisados. Familiares que adiaram deslocações e compromissos. Pessoas que enfim: por dor e solidariedade a um ente querido na eminencia de falecer, suspenderam temporariamente a vida e as atividades profissionais…
Numa época em que se fala em reformas no sistema de saúde, e em que os hospitais estão a passar por uma série de cortes orçamentais, não seria de reavaliar os milhões que se gastam nestes profissionais ultrapassados e sem a mínima qualidade para merecerem os avultados ordenados que auferem?
Hoje, o meu pai. Amanhã, os pais e mães de muitos que conhecemos…
Está na hora de dizer basta a este tipo de comportamento prepotente de um senhor que se julga superior e intocável, e que transforma a obrigação de comunicar com os familiares, num ato arrogante de desrespeito pelo próximo.
Se somos todos nós que pagamos o sistema de saúde, todos nós temos a responsabilidade de o tornar mais humano e eficaz.
Quanto a este senhor doutor, talvez esteja na profissão errada. Não estará na altura de “emigrar”?

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