Boa tarde,
Respondi a um anúncio de emprego publicado na internet pela empresa Deslumbrêxito- Unipessoal Lda, em Aveiro. Logo no dia seguinte ligaram-me a marcar entrevista. Estranhei a brevidade da resposta mas aceitei ir.
Antes de ir à entrevista, fiz uma pesquisa da internet e reparei que esta empresa, que se dizia em franco crescimento, não tinha site, Facebook e LinkedIn. Que estranho!
Apenas encontrei esta breve descrição «Comércio e venda ao domicílio de produtos diversos nomeadamente brindes, utilidades domésticas, livros e brinquedos. Agente na angariação de contratos para fornecimento de serviços de telecomunicações e internet. Realização de operações de marketing, nomeadamente na distribuição e venda ao público de cupões de promoção e desconto relativo a bens vendidos e serviços prestados por outras pessoas singulares ou coletivas.». Ao ler isto ainda mais desconfiada fiquei. Pesquisei pela morada que me deram (Rua de Viseu, 39 – Aveiro) e reparei que num curto período de tempo tinham funcionado naquele edifício três empresas diferentes, todas com a palavra êxito ou sucesso no nome, além de todas as outras espalhadas pelo país.
No dia seguinte, na hora marcada, estava eu no local. Estavam lá várias pessoas para a entrevista. As entrevistas não demoravam mais de 10 minutos. Achei estranho o facto me pedirem para preencher uma ficha de candidatura onde pediam todo o tipo de dados pessoais (nº de BI, NIF, morada ,etc). Não quiseram o currículo.
Quando chegou a minha vez, encaminharam-me para a sala da “direção”, onde fui entrevistada pelo suposto diretor, que devia ter pouco mais de 20 anos. Não me fez perguntas sobre a minha formação profissional. Disse que aquela entrevista era para ver se me enquadrava no perfil que procuravam e quando questionei sobre a funções que iria desempenhar respondeu que essas questões iriam ser tratadas na segunda fase de recrutamento. Caso a minha candidatura fosse aceite teria que estar lá no dia seguinte, durante todo o dia para ter formação.
Ao final do dia recebi o telefonema dizendo que tinha sido uma das pessoas que passou à fase seguinte! Não fiquei muito contente porque já estava a ver o filme todo. Antes de me aventurar na segunda fase fiz mais uma pesquisa na internet e vi todas as queixas e reclamações de pessoas que passaram por este processo medonho e nojento.
Não fui à segunda fase da entrevista. Liguei a avisar que não ia e ainda fui mal tratada pela Joana, que até então tinha sido sempre tão simpática a atenciosa.
Este método de trabalho pode até ser legal mas baseia-se num esquema fraudulento, desonesto e sem qualquer ética. O que estes senhores fazem é um marketing barato e agressivo tanto com os colaboradores como com os clientes. Não olham a meios para atingir os fins.
Reparem nos comentários das pessoas que defendem este tipo de método: “nós somos bons, vocês não prestam, estão desempregados porque querem, nós somos úteis, vocês são uns inúteis”. Tanta esperteza mas não conseguiram resistir a uma grande lavagem cerebral.
Este esquema de pirâmide resume-se à exploração de pessoas. Quanto mais no topo estás mais exploras, quanto mais na base estás mais é explorado. E não me venham dizer que todos têm oportunidade de estar no topo. Como em tudo na vida, só alguns chegam ao topo. Não sei se as pessoas que estão no topo destas pirâmides dormem bem à noite…
Apenas deixo aqui este testemunho para alertar as pessoas. Foram testemunhos como estes que me fizeram ver na alhada em que me estava a meter.