A embarcação “Mira Sado” da Firma Tavares & Guerreiro, lda Contribuinte n: 500 490 155 Telefone : 917 634 813 , no domingo passado, dia 3 de agosto no horário das 18:15 deixou no cais de embarque do Farol à volta de 150 pessoas à espera de desdobramento, cerca de 1 hora e vinte minutos.
Mas a empresa nada fez para evitar que a falta de capacidade da empresa viesse a causar imensos incómodo e até mesmo colocar em perigo, como mais à frente se poderá constatar, todos os que estavam dependentes das suas embarcações para regressar a Olhão no final da tarde.
Em primeiro lugar, e incompreensivelmente, o desdobramento que a empresa realizou, nesse horário, usando a embarcação “Rio Belo”, foi apenas apanhar pessoas à Ilha da Culatra, quando o “Mira Sado” já lá tinha ido apanhar pessoas, vinte minutos antes, indo quase com a lotação completa até ao cais do Farol, talvez apenas para cumprir o horário pois menos de 50 pessoas das mais de 200 pessoas conseguiram embarcar para Olhão.
Fui uma das mais de 150 pessoas que ficou em cima do cais sem que alguém nos informasse se haveria desdobramento e quanto tempo teríamos de aguardar pelo mesmo.
Assim como eu, ficaram dezenas de turistas estrangeiros, clientes da empresa, que tinham comprado bilhete de ida e volta, e ficaram certamente na incerteza sobre quando iria chegar o próximo barco que os levaria ao seu destino.
Muitos dos que não quiseram aguardar, turistas portugueses e estrangeiros, acabaram por recorrer aos táxi-marítimos e em boa hora o fizeram, pois o que seguiu foi simplesmente uma situação que considero inadmissível e inclassificável para não ter de classificar de típica do terceiro mundo.
Após cerca de 2 horas de espera no cais do Farol, ao Sol e ao vento (não há qualquer toldo ou para-vento a servir de proteção para os passageiros no cais de embarque), finalmente embarquei no Mira Sado com a minha família e amigos, que lá tinham ido ao Farol pela 1ª vez. Decorridos que iam cerca de quinze minutos de viagem sentimos que a embarcação teria embatido em algo, tendo ficado imobilizada.
Quando me dirigi à proa perguntei a um dos elementos da tripulação o que tinha acontecido ao que me respondeu que o barco tinha encalhado num banco de areia.
Então olhei para a boia de sinalização ( em frente à Culatra) e reparei que estava a mais de 100 metros e percebi que não poderia ter sido distração do piloto. mas sim uma tentativa de atalhar caminho que foi muito mal calculada.
Pelos comentários do mesmo elemento da tripulação percebi que era usual nas viagens com a maré na preia-mar não respeitar a sinalização, atalhando caminho para encurtar o tempo de viagem.
Viveram-se momentos de ansiedade, muita agitação e algum pânico entre os passageiros durante mais de meia hora.
Entretanto, outras embarcações vieram em nosso socorro e uma delas “Passeios Ria Formosa”, segundo o que me foi transmitido, da mesma empresa, puxando a nossa embarcação por uma corda tentou auxiliar o nosso motor, que parecia não ter potência para nos tirar dali.
As primeira manobras não resultaram, pois tinha muita carga, mas a mesma foi aliviada com a trasladação muito desorganizada e confusa de alguns passageiros para a embarcação do Hotel Real Marina, que não pode aceitar mais pessoas, pois regressava já cheio das ilhas-barreira.
Felizmente para todos a maré estava a encher facilitando os trabalhos e após muitas tentativas, por volta das 20 horas 20 minutos, o barco desencalhou do banco de areia, sendo um alivio para todos os que nele viajaram receavam pela sua segurança, pois ninguém sabia o que poderia suceder a seguir.
De registar o facto de não se ter deslocado ao local qualquer embarcação da polícia marítima ou da marinha para assegurar a ordem e transmitir alguma segurança aos passageiros ou tentar acompanhar ou auxiliar a tripulação nas manobras para desencalhar a embarcação em risco.
Não teria sido essa uma das primeiras obrigações da tripulação – comunicar às autoridades marítimas a situação de risco em que a embarcação se encontrava.
Quando atracámos no cais T em Olhão dirigi-me aos agentes da policia marítima para questionar o que poderia ser feito para que o piloto e a empresa fossem chamados a responder e responsabilizados pelo facto de terem colocado em risco os passageiros que se encontravam a bordo da embarcação “Mira Sado”.
Não pretendo que sejam punidos pelo incidente, mas pelo menos que sejam obrigados a justificar-se perante a autoridade e a relatar o que realmente aconteceu, compreendendo que tal não poderá a acontecer para segurança de todos os veraneantes e moradores das ilhas barreiras.